News #5 - Por que expor a dor? -
- Mayra Abbondanza
- 6 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Tenho recebido comentários sobre o podcast Sozinha de Si:
“Nossa, estou muito impactada com essa história. Que triste, que difícil…”
Por que que a gente volta no triste e no difícil?
Porque quando as mulheres passam por esse abuso, tristeza e solidão profunda, elas se sentem muito abandonadas. Elas não se sentem parte de nada. A mulher que sofre um abuso, não consegue se conectar com o mundo em volta dela. Ela fica cada vez mais isolada. O abusador - normalmente um homem - tem esse poder de deixar ela se sentir tão inadequada que ela não consegue se apoiar nos seus pares, nas suas amigas, na sua família.
Então, a ideia de trazer essa dor é exatamente colocar luz em algo que nunca é revelado, porque ninguém quer assumir que vive o abuso. Existe medo e vergonha, né?
E por que eu estou nesse lugar de expor todos esses abusos e essa tristeza?
Eu sou privilegiada emocionalmente. Se sofri algum tipo de abuso, foi muito leve. Não tenho essa memória e até por isso que eu consigo me afastar emocionalmente dessas histórias para conseguir escrevê-las.
Eu acho que se eu tivesse na minha pele algo mais grave, eu nem conseguiria me envolver nesse projeto.
Desse lugar de privilégio emocional que eu estou, sinto que tenho o dever de ajudar as outras mulheres que não tiveram essa sorte, que são muitas e muitas mulheres, com histórias que nunca contaram para ninguém por medo e vergonha.
Então o objetivo do projeto é exatamente colocar luz nessa dor e nessas histórias silenciadas protegendo a mulher, porque a gente não quer expor ninguém e trazer mais dor. Por isso o anonimato.
E a gente também não está falando só de abuso, tá? A gente tá falando de tristeza, de solidão. Qualquer história em que você se sentiu vulnerável, despedaçada e você quiser compartilhar aqui com as outras mulheres vai ser muito bem vinda para que a gente cada vez mais possa se apoiar uma nas outras, mesmo nas histórias que a gente não tem coragem de contar.
Estou muito satisfeita com o projeto: já temos nove histórias publicadas. É só ir lá ouvir! 🎙️
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